segunda-feira, 18 de março de 2024

Desalento



Fico-me neste silêncio retumbante,

destemido,

Que me cai nas mãos, na pele, na alma

como se de uma peça de roupa se tratasse…

Já poucas palavras me vêm à boca, assomam,-se aos lábios e pouco mais sei que tenho de fazer.

Instalou-se este desalento, esta quietude possivelmente demasiado quieta

E eu, que nada prevejo mudar, coloco as mãos uma sobre a outra e assumo que sou um ínfimo pedacinho de vida que um dia, como todos os outros pedacinhos

Também se vai.


Ir, não me assusta, nem me preocupa, o que me preocupa é esta dor que ainda cá está

e provavelmente ainda cá fica e que não sei porque a sinto, porque a abrigo, como se de mim fizesse parte.

Se tentar explicar o que sinto me devolvesse o alento, quantas palavras pescaria no mar mais profundo do meu ser 

E traria aos lábios para que pudesse eu ser primavera em flor no fulgor da vida.

Mas falar não me liberta, porque nem eu mesma sei se entendo o que sinto, o que sou, o que sei

E o tanto que esta dor me emudece, me molda, me acorrenta. 


Pouco há que me prenda, mas tanto há que me amarra…

E logo eu, que se fosse apenas coração, batia somente pela liberdade de viver...

    

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