terça-feira, 15 de março de 2022

Anoitecer

Anoiteço… 
A vida corre fria lá fora e da janela encaro-a.
Temo-lhe a pressa com que vai, mas acompanho-a com os olhos
e as mãos a formigar de desamparo, porque como quase sempre
eu não sei a que me agarrar.

Peço, num suspiro profundo, que a vida pare.
Não consigo acompanhar a sua pressa mas nadalamento,
porque ainda existem milhões de estrelas para contar…
e eu que gosto tanto de vê-las, não sei como o deixar de fazer.

Anoiteço…
e faz frio lá fora.
A vida ainda corre e eu ainda estou à janela.
O poema nasce das minhas mãos inquietas e desta alma que teima em viver sonhos
enquanto a vida corre, o mundo aanoitece
e eu anoiteço, também…

Dou, por rebeldia, asas ao poema,
porque as mãos não se acostumam à quietude
e eu sei que as noites são dos poetas,
os poemas das estrelas e eu
sou livre para sonhar, mesmo que a vida corra,
A noite acabe e este poema tenha fim…

Até chegar o amanhecer.


1 comentário:

Ao meu lado existe o vosso lado, e aqui é o vosso espaço. Desejo imenso ler-vos !