segunda-feira, 4 de maio de 2020

Sono


Esta noite, mais uma vez, não vieste...
Deixaste-me ao sabor dos meus sonhos, dos meus pensamentos, e até dos meus medos.
Não me quiseste nem me procuraste, e eu de frio ou desamparo, estremeci.
Virei-me na cama vezes sem conta, contei as batidas do morador do meu peito, vi horas passarem como o vento lá fora, até perder-me no chirriar dos passarinhos que acordam quando chega o amanhecer.
Olhei para os lados desta cama e da minha vida, sem saber qual seria o lado certo, e lutei para fechar os olhos e, quem sabe, como por magia ou sorte vindoura, sentir-te chegares, suave, mas real - qual porto seguro para que pudesse adormecer,  nessa espera feita para recomeçar.


Porem, continuei tão só ao fim da noite como no começo, e contei mais uma vez os minutos, até perder a esperança  na tua chegada,
Talvez porque senti que já não vinhas, nem mesmo com o nascer da aurora.
Tu não voltarias como noutras noites, não me tocarias nem me embalarias.
Não me apagarias mais os pensamentos, nem me trarias outros sonhos. Tu não me combaterias nem me afastarias os medos, os meus fantasmas e os meus delírios... não farias, tal como não fizeste, nada por mim, esta noite.

E eu mais perdida soube que irei,,, passo a passo pela casa, ao encontro de um novo dia, que chegou, ainda cansado, com restos de um ontem que sei que não voltará.
Espero apenas, entre uma e outra chávena de café, que logo à noite voltes, e me leves -- para onde apenas vão os que sonham, como eu.

Porque: Durante a noite, os sós, ficam sempre mais sós.

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