De tão perdido que estava nos seus pensamentos, nem dera por
Haran chegar.
- Hehehe, rapaz. A dormir acordado? David que não esperara
vindo de haran um cumprimento tão descontraído, primeiramente olhou-o um tanto
incrédulo, e só depois sorriu para o homem postado à sua frente.
- Haran! Oh, não dormia, apenas pensava nos que deixei lá,
no mundo dos humanos comuns.
- Eu sei, rapaz. Mas verás que tudo acontecerá muito
rapidamente, e não tarda, voltas a casa.
- Sim… Eu sei. O avô disse-me o mesmo.
- Então anda. Vamos até Naiara. Em breve começa a tua
missão.
David seguira ao lado de Haran até ao templo. Quando la
chegou esperava-o uma refeição quente e deliciosa que lhe haviam preparado, e
uns aposentos simples, mas muito acolhedores. Depois de arrumar os poucos
pertences que trouxera consigo, trocou a roupa por um pijama que lhe haviam
deixado sobre a cama, apagou a luz e rapidamente adormeceu. Fora num entanto
uma noite repleta de sonhos. Imagens sucessivas formavam um filme na sua mente.
Coisas que o fizeram acordar e adormecer por diversas vezes. Imagens que não
esqueceria, provavelmente. E sons tão familiares como o ladrar e uivar de Lyra,
seguido de um bater de asas como nunca ouvira e o planar de um belo pássaro
como só se lembrara de ver em livros fabulosos que lera. Era um belo pássaro
enorme, com um olhar tão penetrante e tão reservado e meigo, aleado a uma
sabedoria e maturidade como nunca pensara que pudesse vir a compreender em algo
ou alguém, e muito menos numa criatura assim, tão incrível e tão estranha.
Pousara ao seu lado, no meio de uma clareira, numa floresta que lhe era
totalmente desconhecida. Imagens que não esqueceria. Imagens que ao acordar
lembraria e talvez pudesse partilhar com alguém – com o avô, ou Haran.
Na manhã seguinte, como lhe haviam dito durante o jantar,
começaria a jornada. Teria de viajar até ao outro lado da ilha, onde existia
Talan - um templo menor, muito menos
cuidado e longe de ser tão bonito como este templo ao qual pertencia. Era lá
que estava, segundo o que lhe haviam dito, uns tantos pisos a baixo do chão, a
serpente que guardava afincadamente o sabre do seu avô.
Haran, que fora, desde que David chegara a Karamin quem o
acompanhara, viera então por volta das 7 da manhã, como haviam marcado, ao seu
encontro. Ficou espantado ao ver o jovem ninja acordado, sentado na cama com um
olhar desperto. Haran, ao vê-lo assim mostrara logo o seu bom humor que David
nunca vira das vezes que estivera com ele. Porém contrariamente ao que muitos
humanos comuns julgavam, ninjas também tinham sentido de humor.
- Bom dia, rapaz! Pronto para te pores a andar? Hummm, com
essa cara, não me pareces pronto para nada! Engoliste algum sapo? Ou dormiste
de rabo destapado?
- Bom dia, Haran. Não é isso.
- Não é isso? Então é o quê? Salta dessa cama e veste-te,
enquanto me contas o que se passa contigo. Só espero que não estejas com medo.
Enquanto falava com o jovem ninja, haran abria uma porta de
um armário embutido na parede, onde estava guardado aquele que seria o uniforme
de David.
- Vamos la, jovem Kiroan, toca de vestir o uniforme, que o
mundo la fora, espera por ti.
Enquanto se vestia, David contava a Haran o seu sonho.
- Não sei que te dizer, rapaz, se o teu sonho tem
significado, quando chegar a hora certa, tu vais saber… O pássaro a ser como me
descreves, sim, é uma fénix, sem a menor dúvida, tal como a fénix que está
entre os nossos símbolos. Mas, não sei de onde virá essa fénix, nem sei se
existe, ao certo. Nós ninjas, acreditamos nela. Porém, e segundo a lenda, a
fénix surge aos ninjas, quando estes correm perigo de se ferirem gravemente,
morrerem, ou quando o seu coração está em grande sofrimento…
Quando ficou pronto, David nem parecia o mesmo. Vestido
quase todo de preto, com apenas os punhos e as golas tanto da camisola, como da
capa, de um verde ceco, onde se podiam ver, bordadas com finos fios de oro,
três trevos de três folhas cada, e no lado esquerdo das golas da camisola e da
capa, com o mesmo fio de oro, o seu nome bordado: Kiroan.
O cinto continha apenas uma pequena medalha onde se podiam
ver as figuras que constavam na capa do livro do avô de David: uma bússola, uma
espada e uma fénix.
- Haran?
- Sim, rapaz?
- Estou pronto?
- Sim, estás.
- Mas, Haran, e o meu sabre? A minha espada? A armadura que
era suposto ter?
Harã, nada desprevenido com relação às perguntas do jovem
ninja, sorriu-lhe atenciosamente e colocando-lhe a mão sobre o ombro, para lhe
dar um leve empurrão na direção da porta, disse:
- Confia na tua capa. Não a julgues tão superficial.
Acredita em ti. A maior arma que podes ter és tu e a tua força interior, filho.
David não sabia se podia confiar, mas tinha de o fazer.
Ninjas sabiam sempre o que fazer. Ninjas eram seres dotados para fazer o bem,
vencer batalhas e guerras, promovendo a paz, salvando-se a si e aos outros.
Ninjas agiam com o coração mas sempre com a razão nos seus atos, e eram
criaturas dotadas de perseverança, coragem, e uma capacidade de manter a cabeça
fria, sempre a favor daquilo que acreditavam e ou defendiam. Ninjas que assim
não o fossem, seriam ninjas, como os que mantinham o sabre de luz guardado, e
promoviam a desunião dos ninjas, e dos humanos relativamente aos ninjas.
(…)
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