Não sou nada destas coisas, tu sabes, mas volta.
Sinto demasiado vazio na cama, e esta casa ficou cheia de ausências
estranhas que me assustam desde que te foste embora.
Tenho café feito e a paixão arrumada no mesmo lugar
onde sempre te a guardei, e o meu corpo ainda te espera.
O meu abraço insiste em só se enlaçar no teu abraço, e
por entre tantas coisas que já escrevi e o tempo não apaga,
há ainda umas tantas cartas como esta,
endereçadas a ti, que as não leste, e há,
também, umas tantas palavras que te inventei
em segredo, para que um dia, quando e se voltares,
só tu saibas de tudo o que não te disse,
mas que senti por ti, no peito.
Sou louca, eu sei, mas se me amares outra vez,
volta.
Já tentei sem ti, desenhar uma vida inteira, mas
o rascunho não se parece com nada, e
cada traço feito a tinta, tem a cor
do sangue que derramámos quando se quebrou
como vidro o nosso mundo, e os
estilhaços cravaram-se-me na pele e na alma, à semelhança
das tuas palavras não ditas, no momento em que
os meus lábios deixaram de poder tocar os teus.
Assim no fim desta carta, deixo-te um beijo não dado,
e umas tantas palavras que não são de amor, mas pedem-te que voltes.
É que o café fica frio e o meu abraço ainda te espera, quente,
com o cheiro das rosas que me deste, e uma saudade
infinda, que como sempre, eu não te sei contar.
*
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