quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Sem Nunca nem P'ra Sempre, e um Post-scriptum


Escrevo-te a última carta, meu amor.
A última missiva que leva o teu nome e um punhado de
versos soltos que te escrevi, nas pétalas
brancas de uma rosa,
com as lágrimas e o sal deste mar imenso, em que te vi partir.

Sendo esta a última carta, meu amor,
não te escreverei sobre os meus desejos e sonhos
que tive p’ra nós.
Não te contarei como neste Outono me entristece
ver caírem as folhas das árvores – as mesmas
que nos serviram de refúgio, todas as vezes
que os nossos corações se apertavam pela solidão que sentíamos,
na ausência de cada um de nós.

Assim, meu amor, já não tenho mais nada a dizer-te.
Porque algo mais que te dissesse, adiaria o fim de uma carta que prometi não te escrever.

E então este amor, não secaria como as
rosas brancas que me punhas no cabelo, não
murcharia como as folhas das árvores – testemunhas
de um amor como o nosso, sem “nunca nem p’ra sempre”,
e não cairia no chão do esquecimento,
como tu e eu sabíamos que mais tarde ou mais cedo, ia acontecer.

Então, adeus, meu amor.
As rosas brancas que me deste, Deixo-as
no lugar à beira mar, de onde te vi partir, e onde vi
chegar o outono, vestido de
novo amanhecer, e recomeços
que viverei tal como tu, e tal como nos
prometemos fazer, antes do fim.


P.S.
Antes que me esqueça: Servem estas demais linhas, p’ra te dizer que
o nosso amor secará com as rosas brancas que me
deste e com as folhas de outono. E como tal
não verás renascer em qualquer outra árvore, em qualquer outra estação,
este amor que vimos cumprido em folhas verde esperança que, tu sabes, também murcharão dentro de nós.

                    *                  

1 comentário:

  1. Anónimo21:08:00

    Vamos ver se agora fica o comentário ao teu lindíssimo e muito sentido poema, querida Jo.
    Adorei lê-lo, és uma verdadeira poeta querida.
    Beijinhos, e tudo de bom pra ti.

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